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sábado, 25 de janeiro de 2014

[COLUNA] Genéricos- Por Daniel Mendes

Melhor é ser do que parecer ser. Vivemos mais do que nunca em um tempo onde a aparência é supervalorizada. Aparência no sentido de parecer ser uma coisa que não é verdadeira no todo ou em parte. Há alguns anos estamos acostumados a palavras como pirata, genérico, réplica, etc. São produtos e/ou serviços que se limitam a imitar os originais, por um custo menor e uma qualidade sabidamente inferior.

Podemos afirmar que existem as pessoas genéricas. Pessoas que buscam por algum motivo se parecer com algo que não são. Não é exagero dizer que a popularização das mídias sociais contribuiu para uma maior exposição desse comportamento. Para além do passatempo descontraído e da função comunicativa, o que se ver é uma tentativa de construção de uma vida quase perfeita.

Muitos de nós nos esquecemos de combater essa tendência à mentira e fantasia em nosso caráter. Esquecemos que não havendo ainda palavra alguma em nossa língua, o Senhor, tudo conhece (Sl 139:4). Jesus fez críticas duríssimas contra às mentiras e hipocrisias de seu tempo. O capítulo 23 do livro de Mateus descreve um discurso duro contra os fariseus (os religiosos “genéricos” de sua época). Vocativos como “hipócritas”, “serpentes” e “raça de víboras” estão presentes nessa passagem bíblica. Jesus finaliza: “como escapareis da condenação do inferno?” (Mt 23:33b).

É cômodo pensar que essas críticas não nos alcançam. Você que acha que não tem nada a aprender com essa bronca de Jesus, pode começar a arrepender-se: você já está com espírito de fariseu. Olhem o que eles diziam a respeito de si: “Se tivéssemos vivido nos dias de nossos pais, não teríamos sido seus cúmplices no sangue dos profetas!” (Mt 23:30). Entendeu a ideia do “eu não faria isso!”, fariseu? Por favor, não sejamos…

Hipócritas

“Então, falou Jesus às multidões e a seus discípulos: Na cadeira de Moisés, se assentaram os escribas e os fariseus. Fazei e guardai, pois, tudo o quanto eles vos disserem, porém não os imiteis nas suas obras; porque dizem e não fazem”. (Mt 23:1-3).

Uma pessoa de discursos não comprovados por suas ações logo é desacreditada. Além de estar praticando uma mentira, quem comete esse erro perde sua autoridade. Paulo ensina a maneira correta de falar e/ou ensinar sobre Deus: “antes, em Cristo é que falamos na presença de Deus, com SINCERIDADE e da parte do próprio Deus.” (2 Co 2:17).

Vaidosos

“Praticam, porém, todas as suas obras com o fim de serem vistos dos homens; pois alargam seus filactérios e alongam as suas franjas. Amam o primeiro lugar nos banquetes e as primeiras cadeiras nas sinagogas, as saudações nas praças e o serem chamados mestres pelos homens.” (Mt 23:5-7).

Não é difícil nos vermos fazendo coisas certas, da forma errada ou pelo motivo errado. Somos ensinados desde cedo a desejarmos o lugar de destaque, o reconhecimento de todos. Se nossa ação como seguidores de Cristo está baseada nisso, é preciso mudar por mais bonzinhos que aparentemos ser. Lembre-se que a lógica do Reino é diferente. “Mas o maior dentre vós será o vosso SERVO. Quem a si mesmo se exaltar será humilhado; e a quem a si mesmo se humilhar será exaltado.” (Mt 23:11-12).

Injustos

“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque devorais as casas das viúvas e, para o justificar, fazeis longas orações; por isso, sofrereis juízo muito mais severo!”. (v 14).

Os fariseus tinham algumas funções arbitrais. O “devorar” a casa das viúvas significa cobrar indenizações legais (mas não morais) das mais ricas ou as constranger a deixarem propriedades para eles.

Os filhos de Deus devem ser justos porque Deus é justo. Fazer o que é correto, o bem, juridicamente legal não deve ser uma questão de escolha para quem conhece Jesus. Davi pergunta no Salmo 15: “Quem, SENHOR, habitará no teu tabernáculo? Quem há de morar no teu santo monte?”. Resposta mais direta não haveria. “O que vive com integridade, e pratica justiça, e, de coração fala a verdade”.

Legalistas

“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas! Guias cegos, que coais o mosquito e engolis o camelo!” (Mt 23:23-24)

Por vezes estamos fazendo tudo dentro do protocolo eclesiástico. Vamos ao culto, frequentamos o PG, damos o dízimo e somos presença garantida em todas as programações de nossa igreja. Tudo isso é ótimo. Se você não estiver baseando sua vida nisso e esquecendo-se da base disso tudo: Deus (seu amor, sua palavra, sua justiça e salvação).

Falsos

“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que, por fora, se mostram belos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia! Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas, por dentro, estais cheios de hipocrisia e de iniquidade.” (Mt 23:27-28)

Não tem coisa mais triste do que ser mentiroso. Você pode enganar a todos, menos duas pessoas: Deus e você mesmo. Por mais desenvolto na arte do ludibriar, sua consciência e o Espírito Santo sempre acharão um momento de lembrar quem você realmente é. Busque a sinceridade, assuma seus erros, arrependa-se. Lembre-se que apesar das aparências, sua prestação de contas maior é com o Único Juiz.

Em Cristo caminhando, tropeçando, levantando
 
 
Daniel Mendes(Evangelho Urbano)

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